Todos os anos, o Troféu Imprensa reúne os jornalistas para escolher os maiores destaques da música e da televisão brasileira, mas nem sempre isso foi possível. Como desde 1970, Silvio Santos e sua equipe passaram a ser encarregados de organizar a premiação, desde a distribuição de questionários até a escolha final dos jurados, só que em quatro oportunidades, a cerimônia de votação não aconteceu. No triênio 1977-1978-1979, Silvio foi forçado a pôr o Troféu Imprensa "na geladeira" devido a enxurrada de críticas que a premiação sofreu da própria imprensa após a eleição dos melhores de 1976. A falta de assessoria e a forma de pesquisa foram as grandes culpadas pelos erros "inevitáveis" cometidos pela organização e até a revista Melodias de Plácido Manaia Nunes (criador do troféu) admitiu reconhecer tais erros. Em 2006, após três adiamentos na data de gravação, mesmo quando já estavam prontas as listas dos indicados, o programa que escolheria os destaques de 2005 foi cancelado devido a agenda lotada de Silvio Santos que não "casava" com os compromissos profissionais dos jornalistas escolhidos para participar do programa. Os críticos mais ferozes entendem que Silvio Santos, nessas ocasiões, não levou a escolha dos destaques do ano a sério o colocando na condição de um mero "programa de televisão". Após uma série de pesquisas, comentários e discussões com os colaboradores deste site, nós preparamos esta página especial bastante interessante, simulando quem seriam os indicados do Troféu Imprensa nos anos de 1977, 1978, 1979 e 2005, incluindo até mesmo a sugestão de uma data de exibição em cada premiação. Em cada categoria a ser "julgada" segue-se um comentário sobre os possíveis vencedores, os favoritos, os fortes candidatos, as zebras, as "marmeladas" e os "óbvios ululantes" que sempre dão o ar da graça no Troféu Imprensa. Lembrem-se que os indicados são elaborados após a distribuição de questionários em São Paulo e Rio de Janeiro e os três mais votados entram em julgamento. Isso mostra que o Troféu Imprensa é um termômetro de popularidade e predileção do público como principal critério de escolha dos premiados ano após ano.
TROFÉU IMPRENSA 1979
Exibido em 10/02/1980
(Simulado por Egon Henrique Medeiros Bonfim)
Cantora:
Três cantoras que estavam em
evidência tanto pela vendagem de discos quanto pelos shows pelo
Brasil afora. A disputa ficaria entre Gal Costa e Rita Lee, pois
ambas estavam no auge da forma: Gal, a morena baiana, se firmava como grande diva da MPB e Rita, a ruiva de Sampa, como o ícone da juventude de então, cujas músicas tocavam em exaustão nas rádios da época. Bethânia
corria por fora com os sucessos Explode Coração e Sonho Meu,
este último num dueto com Gal Costa, o que poderia até
desempatar a disputa. O júri comentaria, e com razão, da não-aparição de Simone entre as indicadas. Ela estava ganhando projeção nacional justamente com a canção-tema de Malu Mulher, Começar de Novo.
Humorista:
Os três maiores humoristas da
TV brasileira fariam da disputa pela estatueta a mais parelha de
todas. Chico Anysio era um eterno favorito, assim como Renato
Aragão que se firmava como o preferido do público infantil,
enquanto que o Jô se destacava pelo espetáculo teatral Viva o
Gordo e Abaixo ao Regime e no Planeta dos Homens pelas frases de
efeito como não me comprometa, cala-te
boca, muy amigo e vai sobrar pra
mim.
Revelação Feminina:
Os jurados, sem dúvida,
ficariam mais afeiçoados com o talento da então simpática
adolescente Narjara Turetta pelo trabalho em Malu Mulher e dava para ser apontada como favorita ao prêmio. Outra favorita era a cantora Kátia, a afilhada de Roberto Carlos e maldosamente chamada de "cantora cega", que explodiu nas paradas com o hit Lembranças. Quanto a Maitê Proença , cujo talento chamou a atenção da imprensa da época,
a decadência da TV Tupi era insuficiente demais para destacá-la
entre as melhores do ano, embora conseguisse uma justa
indicação.
Revelação Masculina:
Se há alguém que seria o
vencedor ideal dessa categoria, o nome dele é Fábio Jr., tanto
pelo trabalho na novela Cabocla quanto também como cantor e
compositor. O cantor Fagner podia ser um forte candidato, já que
havia se destacado pela sua participação no Festival 79 da TV
Tupi e pelos sucessos Revelação, Quem Me Levará Sou Eu,
Frenesi e Noturno. Já o Dudu França ganharia indicação devido
a seu mega-sucesso Grilo na Cuca que lhe rendeu inúmeras
participações em programa de TV da época.
Apresentador de Telejornal:
Dentre os três indicados,
aquele que teve um trabalho mais destacável foi Sérgio
Chapelin, que além de fazer o Jornal Nacional, Fantástico e
Globo Repórter, apresentou também o Jornal da Globo, que estava
em seu primeiro ano no ar. Era favorito mesmo concorrendo com o
eterno favorito Cid Moreira. E o Ferreira Martins era quem
apresentava o Jornal Bandeirantes e ajudou a emissora paulista a
ter uma boa recepção nacional e oferecer ao público uma
opção em telejornalismo. Essa é a razão da sua indicação na
categoria.
Locutor Esportivo:
O grande favorito ao troféu
seria, sem dúvida, Silvio Luiz pelo fato de começar a imprimir
na TV Record um estilo arrojado de narrar uma partida de futebol,
se libertando das amarras impostas por um padrão Global de
sobriedade, algo que Luciano do Valle seguia à risca. Mais uma
vez, Solera se contentaria apenas com a indicação, que
significou apenas mais uma vitória da expansão em rede que a
Bandeirantes promoveu naquele ano por todo o Brasil.
Comercial de TV:
O comercial da morte do
orelhão da Telesp, premiado no mundo inteiro, arrebataria
a estatueta, mesmo disputando com fortíssimos concorrentes. A
Coca-Cola iniciara a campanha Abra Um Sorriso graças a um
comercial apresentado pelo Chico Anysio e acabou cativando o
público e foi com essa mesma recepção popular que a Bombril
ganharia a indicação, era a estréia do ator Carlos Moreno como
o Garoto Bombril.
Programa Jornalístico:
O fato de o Jornal Nacional ser
na época o programa de maior audiência da TV brasileira foi o
bastante para o telejornal ser indicado numa categoria
errada. O programa jornalístico de destaque naquele 1979
foi o Abertura da TV Tupi porque o próprio nome já dizia,
enfatizava o processo de abertura política que o Brasil estava
vivenciando após anos sob rígida censura.
Programa Humorístico:
Os três grandes programas de
humor da época. Chico City era aliado com os infinitos
personagens de Chico Anysio, Os Trapalhões estavam cada vez mais
caindo nas graças das crianças e o Planeta dos Homens tinha seu
sucesso atribuído as atuações de Jô Soares, Agildo Ribeiro,
Paulo Silvino, Mièle e Orival Pescini que fazia os macacos
Charles e Sócrates. A vantagem ficaria para o Planeta dos
Homens.
Seriado Nacional:
Substituindo os filmes seriados
estrangeiros, surge uma categoria nova, a de Seriado Nacional.
Três produções Globais disputariam a estatueta, segundo uma informação extra-oficial antes publicada no site, que também divulgou, com louvor e com justiça, a suposta vencedora: Malu Mulher de Daniel Filho na cabeça e não tinha pra mais ninguém.
Programa Infantil:
Mais uma vez, o troféu ficaria
com o Sítio do Pica-Pau Amarelo. O motivo alegado seria que a
obra de Monteiro Lobato era um programa infantil genuinamente
brasileiro, pois os outros concorrentes eram enlatados
estrangeiros de grande sucesso, o Clube do Mickey que o diga.
Jurado:
Uma jurada simpática, uma carrancuda e um galã disputariam o troféu nessa categoria. O favoritismo de Elke Maravilha seria maior não fosse a aparição de Aracy de Almeida que adorava mandar “10 paus” para um bando de “matusquelas” e arrebatou muitos admiradores pelo Brasil afora, só que uma outra aparição, a de Antônio Fonzar, alardeado na época como o "homem mais bonito do Brasil", poderia atrapalhar a vitória de uma das duas e a torcida do auditório por ele podia até desequilibrar essa categoria.
Programa de TV:
Dois programas da TV Tupi e um
da Rede Bandeirantes disputariam o prêmio. O polêmico Aqui e Agora (que originaria mais tarde o ainda mais polêmico O Povo na TV) receberia maciços votos dos cariocas, o mesmo ocorreria como o Clube dos Artistas por parte dos paulistas. A TV Tupi poderia
ganhar um troféu nesta categoria como forma de homenagem, já
que estava à beira da falência, só que a expansão em rede da
Bandeirantes seria enfim recompensada com a vitória de uma
pioneira da TV e uma aliada de Silvio Santos: Hebe
Camargo. Como a Rede Globo não foi indicada nessa categoria, os jurados fariam questão mencionar um importante musical exibido pela emissora esquecido nessa categoria e que fora muito bem comentado pela crítica de então: Alerta Geral, apresentado pela cantora Alcione.
Música:
Outra informação
extra-oficial no site anunciou a vitória do hino da
abertura e com razão, foi a música de 1979 e franca
favorita ao prêmio. Ganharia até por unanimidade mesmo contando
com um forte concorrente, a emotiva canção Pai de Fábio Jr.,
que fez uma letra de gênio para a idade dele na época. Enquanto
que a música de Rita Lee ganhou a indicação pelo fato de
servir como tema musical de um comercial da Ellus. Uma ausência na lista dos mais votados seria notada não apenas pelo júri, mas também pelo auditório: Desabafo, de Roberto e Erasmo, gravada por Roberto Carlos.
Programa de Auditório:
Mais uma vez, o óbvio ululante
era posto em prática, só que o Programa Silvio Santos teria um
forte concorrente pela frente, o Programa Flávio Cavalcanti que
recuperou o prestígio do início da década e conseguiu fazer
uma atração bem à altura da Tupi que vivia seus dias de crise
e agonia. A Buzina do Chacrinha da Bandeirantes, apesar da boa
audiência para os padrões da emissora, deixava aquela incerteza
no ar: será que o Velho Guerreiro irá repetir na Bandeirantes o
mesmo sucesso que fez na Tupi e na Globo?
Novela:
Em outra informação
extra-oficial divulgada anteriormente no site dava a vitória
para Cabocla e que poderia determinar a primeira vitória de uma
novela das seis numa edição do Troféu Imprensa. Poderia ser
uma grande surpresa, pois os méritos da provável vitória se
atribuem ao autor Benedito Ruy Barbosa e ao diretor Herval
Rossano. As novelas das oito sempre são apontadas como eternas
favoritas e escritas por Janete Clair então, Pai Herói podia
ter figurado como favorito. Cara a Cara, por sua vez, era a
novidade e simbolizava essa expansão em rede da Bandeirantes com
uma nova programação capaz de oferecer ao público uma nova
alternativa de TV e isso não tira os méritos da indicação
dessa boa novela de Vicente Sesso, só que tirava da disputa a
irreverente Feijão Maravilha de Bráulio Pedroso, cuja ausência
seria lamentada pelos jurados.
Atriz:
Três excelentes atrizes,
provavelmente as melhores dessa época. Só que o favoritismo
estava do lado de Regina Duarte, isso porque o papel de Malu
representou uma divisão de águas em sua carreira,
libertando-se da imagem de namoradinha do Brasil para
se tornar uma atriz madura e bem versátil. Glória Meneses era outra fortíssima candidata ao troféu pelo ótimo trabalho em Pai Herói e Fernanda Montenegro só foi indicada por causa de sua reputação no teatro e retornava às novelas depois de algum tempo. Mesmo com o favoritismo absoluto de Regina Duarte, os jurados fariam questão de mencionar o nome da atriz Elisabeth Savalla que não foi mencionada na lista de indicados. Ela interpretou a personagem Carina Brandão em Pai Herói.
Ator:
Em outra informação
extra-oficial anteriormente publicada no site, a vitória seria
de Paulo Autran, mais pela reputação do que pelo trabalho na
novela Pai Herói. Aliás, esta foi a primeira novela deste
notável ator, consagrado mais no teatro do que na TV, porém seu
personagem não se destacou tanto quanto o de Tony Ramos, que de
fato levaria com méritos o Troféu Imprensa. O Rubens de Falco
defendeu com categoria seu personagem em Gaivotas, uma novela bem
feita pela TV Tupi e que foi recompensada com uma boa audiência.
Animador ou Apresentador:
Dá para analisar essa
categoria? Não. Silvio Santos garantiria com facilidade mais um
troféu para sua coleção, isso se tivesse espaço na prateleira
dele. As observações seriam as mesmas da categoria de programa
de auditório. Silvio Santos é o dono do Troféu
Imprensa e ganhava sucessivas estatuetas com a mesma facilidade
de persuadir psicologicamente com seu carisma e sua
lábia todo o corpo de jurados. Chacrinha era ainda uma incerteza
na Bandeirantes e Flávio revivia o prestígio dos bons tempos na
Tupi.
Cantor:
Roberto Carlos ganhava de novo e tendo ele como indicado, ninguém era páreo para ele. Nem mesmo Gilberto Gil, que fez enorme sucesso naquele ano com Super-Homem A Canção, Toda Menina Baiana, Oriente e Realce, e Tim Maia, que deu a volta por cima depois de abandonar a seita Universo em Desencanto e fez as pazes com as paradas de sucesso com Acende o Farol, Sossego e Lábios de Mel. E o Roberto, vendeu milhões de discos sem emplacar sucesso algum? Não, os sucessos dele de 1979 são Na Paz do Seu Sorriso, Desabafo e Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo.