|
Quinta-feira, 30 de setembro de 1999
Esta coluna é atualizada todas as segundas, quintas, sextas e sábados
|
Equilíbrio precárioSe o presidente do Tribunal de Justiça Desportiva, Sérgio Zveiter, insistir na punição a Armando Marques, a presidência da Comissão de Arbitragem ficará vaga. Conheço um pouco as reações de Armando Marques e sei que ele não aceitará a punição. Vai pedir demissão antes que ela seja determinada. Armando Marques é honesto e bem-intencionado, mas não conseguiu resistir às pressões provocadas pelas péssimas arbitragens deste Campeonato Brasileiro. Seu primeiro destempero foi uma ameaça de agressão a um cinegrafista, dentro da sede da CBF. Depois quase repetiu a proeza em uma entrevista na sede do Jóquei Clube, só que desta vez um pouco mais calmo. A entrevista em que analisou o trabalho do árbitro Paulo César Oliveira foi extremamente infeliz. Naquele momento não havia o assédio de câmeras ou repórteres, mas Armando Marques mais uma vez não soube manter o equilíbrio. Ele deve abandonar a Comissão de Arbitragem, o que é uma pena. Mesmo os seus mais severos críticos jamais fizeram qualquer alusão à sua honestidade, reconhecida por todos. Lamentável que ele saia, porque tinha planos para um trabalho a longo prazo, exatamente para melhorar o péssimo nível das arbitragens brasileiras.
Armando Marques e eu somos parceiros há décadas. Trabalhamos juntos aqui mesmo no JB, enxergamos futebol pela mesma ótica e quando o tempo nos dá uma trégua jantamos juntos, com o Fernando Calazans, para discutir sobre futebol. Nem sempre concordamos em tudo. Agora mesmo o amigo diz que o árbitro Paulo César Oliveira caiu em desgraça por ter expulsado injustamente o jogador Juninho. A reação foi o linchamento moral do árbitro. Cabem alguns esclarecimentos. Paulo César Oliveira não está sendo punido apenas pela expulsão de Juninho. Foi ele quem apitou um jogo em que aconteceram 105 faltas e nenhum jogador foi expulso. Foi ele quem deixou de relatar na súmula a invasão de campo e as agressões ocorridas no jogo Botafogo x Internacional. Ele é que provoca linchamentos nos jogos em que apita.
Já não sei mais o que dizer do Botafogo. Os jogadores entram em campo esta noite apavorados, com medo da própria torcida. Agressões, carros quebrados, enfim, uma série de violências e ameaças desestabilizaram ainda mais o já frágil elenco do Botafogo. O que dizer a esta torcida? Que ainda existe esperança, quando os matemáticos informam que o time tem 96,8% de chances de ser rebaixado e apenas 3,2% de permanecer na primeira divisão? A situação é tão grave que o time prefere jogar fora do que em casa, por medo da reação da torcida. Tão grave que o time está a seis pontos do penúltimo colocado no campeonato.
Francisco Horta jamais passou de um ponta habilidoso nos tempos de colégio e faculdade. Não era goleador, não decidia os jogos, apenas dava um auxílio precioso nos jogos do seu time. Tal como agora. Ele não entrou em campo. Não defendeu, não marcou, não chutou, não perdeu gols. Auxiliou com sua habilidade na contratação de Parreira, fez o que pôde por um time medíocre. Vai ser um grande desfalque.
Não aceite o convite do Romário para tomar um cafezinho. É muito caro.
Sérgio Noronha
|
| PRIMEIRA PÁGINA | HOME-PAGE JB ONLINE
| Tempo Real | Editoriais | Colunas e Cadernos |
| ECONOMIA | POLÍTICA | INTERNACIONAL | BRASIL | ESPORTES | CIDADE | CADERNO B | CIÊNCIA | Expediente Copyright (c) 1995, 1999, Jornal do Brasil, Primeiro Jornal Brasileiro na Internet! |