Vasco e Paraná brigam na Justiça
Time paranaense
pode ganhar o
jogo por 1 a 0
LUIZ AUGUSTO NUNES E RICARDO CALAZANS
Foto de Evandro Teixeira
Vasco e Paraná vão prosseguir nos tribunais a disputa pelos três pontos no jogo de domingo passado, interrompidos aos 42min do segundo tempo, com o placar de São Januário registrando empate em 1 a 1. A batalha jurídica será travada a partir da entrega da súmula, que o juiz Paulo César de Oliveira deve fazer hoje à Federação Paulista de Futebol - num prazo de 48 horas será enviada à CBF, embora a entidade já saiba de seu conteúdo - e que, se relatar a interrupção do jogo por falta de garantia, deverá tirar os três pontos do Vasco e decretar o Paraná vencedor por 1 a 0.
A possibilidade da perda de pontos, admitida pelo vice-presidente da CBF, Alfredo Nunes, está prevista no Regulamento Geral das Competições Organizadas pela CBF, no seu Capítulo IV, artigo 14, parágrafo 3°, inciso 2: "Se a partida estiver empatada, a associação que houver dado causa à suspensão será declarada perdedora, pelo escore de um a zero (1 x 0)."
O Vasco pode também perder o mando de campo, o que está previsto no artigo 299 do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, e o vice-presidente de Futebol, Eurico Miranda, suspenso de 30 a 60 dias, se for incurso no artigo 335 do mesmo Código, por ter invadido o gramado.
A súmula da partida e o relatório do juiz serão as peças em que vão se basear os departamentos jurídicos dos clubes. O Paraná já contratou o advogado Valled Perry para representá-lo e seu presidente, Dilso Rossi, esteve ontem na sede da CBF reafirmando que vai lutar pelos três pontos. "A legislação nos dá esse direito."
O Vasco, por sua vez, entrará hoje com uma representação no tribunal da CBF pedindo punição para Paulo César de Oliveira e o afastamento do presidente da Comissão de Arbitragem, Armando Marques. "Ele foi precipitado ao encerrar a partida, não consultou o policiamento para saber se havia ou não segurança - e havia. Com isso, prejudicou até mesmo o Paraná, que poderia ganhar o jogo", disse o vice jurídico do Vasco, Paulo Reis. Em São Januário, jogadores e comissão técnica defenderam a invasão de campo de Eurico Miranda. "A intenção dele foi acalmar a torcida. Antes que os torcedores perdessem a cabeça, ele foi conversar com o juiz", disse Juninho. Os jogadores também disseram que o Vasco vem sendo perseguido pelas arbitragens. "Se eu fosse torcedor, entrava em campo e arrebentava aquele neguinho", afirmou Donizete, em referência ao juiz.
Além de uma batalha jurídica, o confronto entre os dois clubes poderá se transformar numa queda de braço política. Prevendo que o prestígio de Eurico Miranda junto ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, possa prevalecer, o presidente da Federação de Futebol do Paraná, Onaireves Moura, esteve também ontem na sede da entidade. "Força por força, o Paraná também tem", disse.
Juiz - Paulo César de Oliveira, que poderá ser suspenso pela Comissão de Arbitragem, reuniu-se ontem com o presidente da Comissão, Armando Marques. O juiz permaneceu no Rio depois da partida, para fazer exames de avaliação física hoje pela manhã como árbitro da Fifa. Paulo César foi lacônico sobre a confusão ocorrida em São Januário. "Nada a declarar", repetia a todo instante, mesmo quando cercado pelos repórteres na Avenida Rio Branco. Da sede da CBF, o juiz atravessou a rua até o Hotel Guanabara, onde está hospedado, sob os gritos de "ladrão", quando era reconhecido pelas pessoas.
Na sede da CBF, onde permaneceu o tempo inteiro trancado em sua sala, Armando Marques ameaçou agredir o repórter-cinematográfico da TV Globo Humberto Borges. O presidente da Comissão também nada quis declarar, mas sabe-se que não vai pedir demissão do seu cargo.
Um juiz
sempre
polêmico
EUGENIO GOUSSINSKY
Especial para o JB
SÃO PAULO - A partida entre Vasco e Paraná, encerrada aos 42 minutos do segundo tempo, depois que o dirigente Eurico Miranda entrou em campo, contestando três expulsões, não é a primeira em que o árbitro Paulo César de Oliveira causou polêmica. Em São Paulo, mesmo em início de carreira, o árbitro de 28 anos sempre foi considerado disciplinador, que não admite interferências em seu trabalho. A prática de distribuir cartões é comum na carreira de Paulo César, apontado como uma das maiores revelações do apito nacional.
Em 20 de junho deste ano, na final do Campeonato Paulista, quando os jogadores de Corinthians e Palmeiras participaram de um conflito generalizado, foi ele quem tomou a decisão de encerrar a partida antes dos 40min da etapa final. No mesmo campeonato, marcou um pênalti a favor do Palmeiras, que jogava contra o São Paulo, e os sãopaulinos não se conformaram, alegando que o atacante Euler se atirou na área.
Em uma das partidas entre Corinthians e Palmeiras pelas quartas-de-final da Taça Libertadores, foi acusado pelos corintianos de deixar de marcar um pênalti em Edílson.
Mesmo assim, Paulo César não se abalou com as pressões e procurou não dar declarações em cada uma de suas decisões. Desta vez, após sair escoltado de São Januário, usou o mesmo critério. "Ele não costuma fazer comentários, nem quando é insistentemente acusado. É o jeito dele, não é nem por causa da determinação da Comissão de Arbitragem", disse Flávio de Oliveira, irmão de Paulo César.
Ricardinho
e Edílson
retornam
Mais uma má notícia para o Vasco: o meio-campo Ricardinho e o atacante Edílson devem reforçar o Corinthians na partida de amanhã, contra o Vasco, no Pacaembu, pelo Brasileiro. O meia, que se recupera de uma contusão muscular na coxa esquerda, era a principal preocupação do departamento médico, mas surpreendeu com sua recuperação e deve atuar. Já o atacante Edílson, que sofreu uma entorse no tornozelo esquerdo no clássico com o Palmeiras, também deve reaparecer na equipe. Mesmo sem atuar no fim de semana, o Corinthians manteve a liderança da competição, com 24 pontos em 10 jogos.
Quem vai ao Pacaembu?
Lopes ainda não sabe
que time
escalar amanhã
contra o Corinthians
Além das contusões, o técnico Antônio Lopes está se acostumando a lidar com outro problema para escalar o time do Vasco: os cartões vermelhos. Nos últimos três jogos, foram seis os jogadores expulsos - Fabiano Eller contra a Ponte Preta, Paulo César e Gilberto contra o Guarani e Juninho, Alex Oliveira e Mauro Galvão contra o Paraná. Com isso, ontem à tarde o treinador ainda não sabia que time pôr em campo amanhã, no Pacaembu, no jogo contra o Corinthians. "O Vasco tem sido redondamente prejudicado este ano, mas o time é experiente, os jogadores estão acostumados a essas situações. Temos amplas condições de derrotar o Corinthians lá", disse o técnico.
A confiança de Lopes é fundamentada no bom futebol que sua equipe apresentou na partida contra o Paraná. "O Vasco está melhorando. O segundo tempo contra o Paraná mostrou um time mais objetivo. O Felipe entrou muito bem e o Edmundo, praticamente curado da lesão no pé, voltou a jogar como antigamente. Fez um gol e poderia ter marcado mais dois. O Mauro Galvão também esteve bem ontem (domingo), e Juninho e Ramon já vinham fazendo boas partidas. O Vasco vai voltar a fazer grandes jogos e ser o que era antes", afirmou o treinador.
No lugar de Mauro Galvão entrará Geder, que jogou praticamente todas as partidas do Brasileiro até agora, ao lado de Odvan. Os problemas no meio de campo, porém, são mais difíceis de resolver. "Vou esperar o departamento médico me dar o diagnóstico de Nasa e Ramon para definir o time", explicou. Para alívio do treinador, os dois jogadores deverão ter condições de jogo amanhã, segundo informou o médico Fernando Mattar. "Hoje (ontem) eles fizeram todo o treinamento programado e não reclamaram de nada, mas ainda temos que ver como eles reagirão ao treino de amanhã (hoje)", disse o médico. Nasa, que sofrera um estiramento na coxa direita na partida contra o Vitória, está curado da lesão, e só não entrou em campo domingo porque ainda não sentia confiança. O caso de Ramon é parecido. "Ele sofreu uma pancada na panturrilha direita durante um treino, semana passada, e o local ficou dolorido. Fez exame e não constatou nada no local, mas foi vetado para o jogo contra o Paraná porque sentia desconforto, estava inseguro", completou Mattar.
Se Nasa e Ramon são dúvidas, a presença de Felipe em campo contra o Corinthians é certa. "Ele pode até começar jogando", disse Lopes. O ex-lateral e agora meio-campo, mesmo fora de forma, está disposto a colaborar. "Infelizmente, o Lopes não consegue dar seqüência ao trabalho, porque quando os jogadores não estão fora por contusão, estão por causa de cartão. Mas não temos que pensar nisso e sim em buscar os pontos para garantir nossa classificação", disse. (R.C.)
[21 de setembro][Retorna]