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Fundo do buraco

Qualquer que seja o fim da crise do Botafogo - se é que ela vai ter um fim - a responsabilidade é do presidente José Luiz Rolim e dos dirigentes que escalou (muito mal) no futebol do clube. Não será o afastamento desses dirigentes e muito menos do presidente que vai atenuar-lhes a culpa. Rolim jogou a crise nas mãos de Montenegro, foi para casa, lavou as mãos e deixou o Botafogo pra lá.

Procurado depois da última derrota, o que disse ele? Que o projeto do Botafogo para fugir da segunda divisão estava entregue a Montenegro. Isso é que é amigo! Não existe projeto algum no Botafogo, nunca existiu. O que existe agora é a tentativa até demagógica de puxar pelo brio de jogadores que, ainda que tenham brio, não têm futebol para tirar o Botafogo do buraco onde se meteu.

O buraco é fundo. O Instituto de Matemática e Estatística da USP, que refaz os cálculos do Campeonato Brasileiro a cada rodada, estima que hoje as possibilidades de o Botafogo escapar do rebaixamento são de apenas 15,2 por cento.


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Dia de gala no programa "Super Técnico" do último domingo. Não contente em levar dois ex-treinadores da seleção brasileira, ambos campeões mundiais - Zagallo e Parreira - em levar o atual treinador da mesma seleção, Wanderley Luxemburgo, e o treinador líder do Campeonato Brasileiro, Osvaldo Oliveira, o programa levou ninguém menos do que Pelé. Um escrete da História do futebol no Brasil. Cada um teve seu grande momento no programa.

A propósito da candidatura de Rivaldo a melhor jogador do mundo, Wanderley disse que, para ele, melhor jogador do mundo tem a ver com Copa, como Pelé em 70, Cruyff em 74, Maradona em 86 etc. Não mencionou, mas eu menciono aqui, até por concordar com a tese, Garrincha em 62 e Romário em 94. Wanderley lembrou que, por enquanto, Rivaldo (de quem é fã) só brilhou em clube.

Parreira revelou que tem contestado os amigos quando estes indagam sobre o motivo do sacrifício que está fazendo para dirigir o Fluminense na terceira divisão. Emocionado e emocionante, declarou com veemência: "Não estou fazendo sacrifício algum. Para mim, é uma honra, um prazer e um privilégio trabalhar no Fluminense."

Pelé revelou, historicamente, que o principal motivo de se recusar a participar da Copa de 74, na Alemanha, foi ter tomado conhecimento, por volta de 71/72, das torturas existentes no Brasil durante a ditadura militar e ter sido pressionado pelos militares para jogar. Não sei, sinceramente, se Pelé deu essa versão na época. Seria preferível que o tivesse feito, mas, mesmo agora, acho que a revelação é muito boa.


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Paulo César Carpegiani, de quem sempre fui admirador, me decepciona com a decisão de marginalizar o goleiro Roger por ter posado nu para uma revista.

É uma intromissão inadmissível na vida particular de uma pessoa, intromissão numa conduta desta pessoa que nada comprometeu o seu trabalho no clube, nem o trabalho dos companheiros no clube e nem a imagem do clube.

Dos treinadores reunidos naquele programa, Zagallo foi o único que, embora manifestando respeito por Carpegiani, condenou a sua posição. Com a cabeça branquinha, e com autenticidade, Zagallo tem dado ultimamente boas lições aos colegas mais jovens - cada qual com a pose maior do que o outro.

 

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